Você é destro ou canhoto? Saiba o que significa a sua lateralidade dominante

Será que ser destro ou canhoto influencia nossas características pessoais e habilidades? Alguns estudos indicam que sim: a lateralidade tem um significado.
Você é destro ou canhoto? Saiba o que significa a sua lateralidade dominante

Última atualização: 23 agosto, 2022

Ainda não existe um consenso em relação ao motivo pelo qual alguém é destro ou canhoto. Acredita-se que exista uma influência genética significativa nesse aspecto, mas essa é uma dúvida que continua sem resposta.

No mundo, cerca de 9 em cada 10 pessoas são destras, o que pode causar alguns incômodos para os canhotos, já que a maioria dos instrumentos e objetos que usamos no dia a dia, como tesouras e abridores de lata, por exemplo, foram pensados para os destros.

Mas será que a lateralidade do ser humano está relacionada às características pessoais de cada um? Será que destros e canhotos possuem habilidades diferentes que vão muito além do uso das mãos?

Muitos acreditam que sim, e afirmam que a facilidade para desempenhar determinadas tarefas possui uma relação significativa com o fato de sermos destros ou canhotos.

Quer saber quais são essas características? Falaremos mais sobre o assunto neste artigo.

A lateralidade e os hemisférios cerebrais

Diferenças no cérebro do destro ou canhoto

A teoria da dominância cerebral sugere que cada indivíduo possui um hemisfério que predomina em seu cérebro, e essa dominância foi associada também à lateralidade.

Ou seja, muitos afirmam que ser destro ou canhoto possui uma relação direta com o uso prioritário de um ou outro hemisfério cerebral.

Costuma-se dizer que os destros têm um hemisfério esquerdo predominante, enquanto os canhotos possuem um hemisfério direito predominante.

O hemisfério esquerdo é conhecido pela capacidade lógica e racional, sendo o responsável pela linguagem e processamento de informações sequenciais. Por outro lado, o hemisfério direito é comumente associado à criatividade, ao processamento de informações corporais e espaciais e ao controle de funções holísticas.

A partir desta percepção inicial, foram conduzidos alguns estudos que encontraram resultados interessantes em relação às diferenças entre destros e canhotos.

A diferença entre ser destro e canhoto

Diferenças nas habilidades dos destro ou canhoto

Acredita-se que os canhotos possam ser mais criativos e ter inclusive uma certa parcela de “genialidade” em suas atividades. Eles também teriam maiores habilidades e dons artísticos do que os destros.

Outro estudo identificou que o cérebro dos canhotos é estruturado de maneira diferente, e esse fato, associado à presença de alguns genes, faz com que eles consigam se destacar em diversas atividades.

Alguns, inclusive, os consideram mais inteligentes do que os destros, quando observamos a média das duas populações.

As vantagens dos canhotos também são significativas no campo da música. Um estudo feito com músicos de orquestras profissionais encontrou uma proporção significativamente maior de canhotos em comparação com os destros, mesmo em instrumentos desenhados para os destros, como o violino.

Mais sobre a diferença entre ser destro e canhoto

Por último, um campo no qual os canhotos costumam se destacar é o dos esportes, principalmente nos que são “um contra um”, como tênis, boxe e judô.

Como 90% da população é destra e apenas 10% é canhota, tanto os destros quanto os canhotos estão muito mais acostumados a jogar contra destros.

Por isso, quando um destro enfrenta um canhoto, costuma ter mais dificuldade para se acostumar ao seu estilo de jogo, conferindo aos canhotos uma vantagem interessante.

Mas nem tudo são flores para os canhotos. Estudos mostraram que um dos genes associados com os canhotos também está relacionado com a esquizofrenia.

Além disso, foram encontradas correlações com doenças inflamatórias do intestino e com o alcoolismo.

De qualquer forma, como falamos anteriormente, é importante ressaltar que não há um consenso sobre esse assunto, e muitos estudos foram inconclusivos.

Claro que também existem destros que são criativos e canhotos com o pensamento mais lógico, por isso não podemos generalizar e nem levar estas características tanto ao pé da letra.

Quem sabe um dia os cientistas consigam descobrir o que exatamente faz com que uma pessoa seja canhota ou destra. Além do componente genético que já foi encontrado, por enquanto não se pode afirmar nada com certeza sobre esse tema.

E os ambidestros?

Ser ambidestro significa ser igualmente habilidoso com as duas mãos. Essa condição é extremamente rara, e nascer naturalmente ambidestro é algo que ocorre somente em cerca de 1% da população mundial.

O que é relativamente mais comum é que pessoas treinem a ambidestria. Por exemplo, uma pessoa naturalmente canhota pode praticar e aprender a usar a mão direita para desempenhar diferentes funções, e assim tornar-se ambidestro com o tempo.

A ambidestria pode proporcionar uma vantagem competitiva importante em diversos esportes, e por isso é algo que alguns atletas tentam alcançar para que possam melhorar o seu desempenho.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bishop, D. V. M. (2013). Cerebral Asymmetry and Language Development: Cause, Correlate, or Consequence? Science, 340(6138), 1230531–1230531. https://doi.org/10.1126/science.1230531
  • Brookshire, G., & Casasanto, D. (2012). Motivation and Motor Control: Hemispheric Specialization for Approach Motivation Reverses with Handedness. PLoS ONE, 7(4), e36036. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0036036
  • Groen, M. A., Whitehouse, A. J. O., Badcock, N. A., & Bishop, D. V. M. (2012). Does cerebral lateralization develop? A study using functional transcranial Doppler ultrasound assessing lateralization for language production and visuospatial memory. Brain and Behavior, 2(3), 256–269. https://doi.org/10.1002/brb3.56
  • Ocklenburg, S., Beste, C., Arning, L., Peterburs, J., & Güntürkün, O. (2014). The ontogenesis of language lateralization and its relation to handedness. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 43, 191–198. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2014.04.008
  • Pool, E.-M., Rehme, A. K., Eickhoff, S. B., Fink, G. R., & Grefkes, C. (2015). Functional resting-state connectivity of the human motor network: Differences between right- and left-handers. NeuroImage, 109, 298–306. https://doi.org/10.1016/j.neuroimage.2015.01.034
  • Serrien, D. J., & Sovijärvi-Spapé, M. M. (2013). Cognitive control of response inhibition and switching: Hemispheric lateralization and hand preference. Brain and Cognition, 82(3), 283–290. https://doi.org/10.1016/j.bandc.2013.04.013
  • Szaflarski, J. P., Rajagopal, A., Altaye, M., Byars, A. W., Jacola, L., Schmithorst, V. J. et al. (2012). Left-handedness and language lateralization in children. Brain Research, 1433, 85–97. https://doi.org/10.1016/j.brainres.2011.11.026
  • Willems, R. M., Hagoort, P., & Casasanto, D. (2009). Body-Specific Representations of Action Verbs. Psychological Science, 21(1), 67–74. https://doi.org/10.1177/0956797609354072

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.