Como saber se seu parceiro tem “mamite” e como lidar com isso

A “mamite” é um problema que afeta muitos casais e pode causar conflitos, frustração e desconforto. Explicamos o que é, como se manifesta e como lidar com isso.
Como saber se seu parceiro tem “mamite” e como lidar com isso
Maria Fatima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fatima Seppi Vinuales.

Última atualização: 22 março, 2024

Você já sentiu que seu parceiro é muito apegado à mãe? Ele a consulta para tudo e sempre lhe dá ouvidos, mesmo em assuntos que dizem respeito apenas ao casal?

Nesse caso, seu parceiro pode ter “mamite”, um termo coloquial usado para descrever a dependência emocional excessiva de um adulto em relação à mãe. Não se trata de uma doença ou distúrbio psicológico, e sim de uma forma de relacionamento disfuncional que pode afetar a vida pessoal e profissional dos casais.

O que é “mamite”?

É fruto de uma educação superprotetora, em que a mãe assume o papel de cuidadora, sem deixar espaço para o desenvolvimento da autonomia da criança, da sua autoestima e da sua capacidade de tomar decisões.

Isso gera uma relação de dependência mútua, na qual o filho se sente incapaz de viver sem o apoio e a aprovação da mãe. Assim, a mãe torna-se essencial e necessária.

Embora não existam dados oficiais, alguns profissionais apontam que a “mamite” tende a ocorrer mais em homens do que em mulheres, devido aos tradicionais papéis de gênero que atribuem à mãe o papel de cuidar e mimar o filho, e ao pai a função de educar e disciplinar.

Como se manifesta?

O apego materno extremo refere-se a uma ligação íntima com a mãe, com certa falta de desenvolvimento emocional, autonomia na tomada de decisões e desafios na formação de relacionamentos com outras pessoas. Essa dependência se manifesta em comportamentos como consultar a mãe sobre decisões, permitir-lhe intervir em assuntos pessoais e profissionais e priorizar as opiniões e desejos da mãe em detrimento dos da parceira.

Pessoas com “mamite” tendem a defender a mãe em qualquer situação. Mesmo quando ele não está certa. Algo comum é cancelar compromissos para atender demandas.

Quais fatores influenciam a “mamite”?

A “mamite” não surge do nada: tem uma série de causas e fatores que a favorecem ou mantêm:

  • Educação recebida: quando o companheiro vem de um ambiente familiar onde a mãe desempenhava um papel protetor, oferecendo poucas oportunidades para desenvolver certa autonomia, é mais comum. Ao mesmo tempo, em algumas dinâmicas, como a de um pai que ficou em segundo plano, tornam a situação mais viável.
  • Personalidade do parceiro: uma pessoa com personalidade insegura, que vivencia problemas de autoestima, falta de autoconfiança e dificuldades para enfrentar desafios, estará mais suscetível.
  • Personalidade da sogra: uma mãe com personalidade possessiva pode gerar um vínculo de dependência com o filho. Isso pode fazer com que seu parceiro se sinta culpado ou egoísta ao tentar estabelecer limites ou levar uma vida independente.

Quais são as consequências para o relacionamento do casal?

A “mamite” pode levar à falta de intimidade e confiança no relacionamento. Se o seu parceiro compartilhar detalhes sobre sua vida ou permitir que a mãe se envolva em assuntos privados, isso pode levar à desconfiança.

Também gera problemas de comunicação e tomada de decisão no relacionamento. Pode dificultar a capacidade de chegar a acordos, pois possibilita uma dinâmica onde pessoas fora do relacionamento emitem julgamentos e opiniões.

Dá origem a uma falta de harmonia e estabilidade no relacionamento. Manter um relacionamento cordial e tranquilo com sua sogra pode se tornar um desafio, pois você sente que ela está se interpondo entre você e seu parceiro.

Como prevenir e enfrentar a “mamite”?

Observe como seu parceiro se relaciona com a mãe, como ele se comunica, como sua sogra te trata e como ela respeita o seu espaço. Isso ajudará você a identificar sinais e a tomar decisões sobre o relacionamento.

Para enfrentar essa situação, os sentimentos devem ser comunicados de forma empática e sem culpabilização. A comunicação aberta é essencial para abordar as raízes da dependência.

Comunique suas expectativas e limites ao seu parceiro, deixando-o saber o que você espera do relacionamento e o que está disposta a tolerar. Também é importante que você mantenha limites com sua sogra, comunicando a ela o papel que deseja que ela desempenhe em seu relacionamento.

Estabelecer limites, tanto com o companheiro quanto com a sogra, definindo quais comportamentos são aceitáveis, é o caminho. Por exemplo, pode ser útil discutir a frequência das visitas, bem como o tipo de informação que é partilhada.

Se você considera que a “mamite” está afetando de alguma forma o relacionamento, procure ajuda profissional. Um terapeuta ajudará a identificar as consequências e fornecer estratégias para superá-las.

Incentive seu companheiro a terem projetos e interesses próprios, a interagir com mais pessoas além da mãe e a tomar decisões sem depender da opinião dela. Aumente a autoconfiança dele mostrando seu apoio e apreço.

Cuide do relacionamento com seu parceiro. Dedique tempo e atenção, compartilhe momentos de qualidade e demonstre interesse genuíno pelas suas preocupações. Faça seu parceiro se sentir amado, fortalecendo o vínculo.

Um problema que tem solução

A “mamite” apresenta desafios nas relações de casal. Não há dúvida de que traz tensões, desentendimentos e sentimentos desconfortáveis.

Com a aplicação de paciência, diálogo e respeito, você poderá dar apoio para que seu parceiro supere isso e alcance um maior grau de independência e maturidade. É claro que não se trata de competir com a mãe e, muito menos, de fazer inimizade com ela.

O objetivo é que seu parceiro consiga trabalhar sua autonomia, mantendo um relacionamento saudável e equilibrado com a mãe. Não esqueça que o amor tem uma força que supera qualquer dependência.


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