Endometriose: a doença silenciosa que também aumenta o risco de infarto

Ainda que possa se apresentar com dores ou de maneira assintomática, a endometriose é uma doença sem cura e que pode causar problemas cardíacos.
Endometriose: a doença silenciosa que também aumenta o risco de infarto
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 27 junho, 2023

A endometriose afeta uma a cada dez mulheres e, segundo dados da associação espanhola de pacientes de endometriose (AEE), estamos diante de uma doença tão silenciosa quando incapacitante para muitas das mulheres afetadas.

A endometriose é uma doença que consiste no crescimento benigno do tecido endometrial no exterior do útero, chegando frequentemente até os ovários, pélvis, trompas de Falópio e até atingindo órgãos do abdômen, como os intestinos.

Estamos diante de um problema clínico que, no momento, ainda não tem cura. Geralmente é hereditário e, além disso, segundo um estudo publicado numa revista especializada, poderia ser a causa de muitos infartos sofridos por mulheres muito jovens, com menos de 40 anos.

Daremos todas as informações a respeito a seguir.

Endometriose, uma doença silenciosa que afeta muitas mulheres

Pode parecer surpreendente, mas existem meninas com 12 ou 13 anos que foram operadas por endometriose e que começam, assim, uma dura jornada por causa desta doença, que demorou demais a receber a importância que merece.

Basta dizer que o primeiro guia para informar e conscientizar a população sobre o problema foi elaborado apenas em 2013.

É importante saber que a endometriose é uma doença muito “peculiar”. Enquanto em muitas mulheres provoca dores intensas, em outras é assintomática.

Talvez por isso as associações de pacientes do mundo todo exijam a criação de equipes multidisciplinares (ginecologistas, especialistas em saúde digestiva e psicólogos) para que possam detectar essa doença em suas áreas de atuação.

Vejamos agora quais os sintomas mais comuns.

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Sintomas da endometriose

  • Menstruações muito dolorosas.
  • É muito comum sofrer com dores muito intensas na lombar, a parte inferior das costas, que irradia até o abdômen. A dor fica mais intensa antes e durante a menstruação.
  • As mulheres afetadas sentem muita dor durante ou depois da relação sexual.
  • Quando a paciente vai ao banheiro, pode sofrer bastante na hora de defecar ou até de urinar.
  • Também é comum que entre 30 a 40% das mulheres afetadas sofram com a infertilidade.

Assinalamos mais uma vez que nem todas as mulheres apresentam esses sintomas de forma tão evidente. Às vezes não se nota nada. A doença é diagnosticada de forma casual durante um check-up ginecológico, devido a uma cesárea ou até apendicite.

Viver com endometriose

Estamos diante de uma doença incurável. Para todas as mulheres que passaram e que convivem com este problema, o mais complexo, sem dúvida, é receber o tratamento mais adequado que permita ter uma boa qualidade de vida.

Temos que lembrar que, em alguns casos, a dor é tão severa que dificulta até caminhar, e que as mulheres afetadas também precisam enfrentar a desinformação da sociedade, no ambiente de trabalho e até de seus companheiros, que não conseguem entender por que as relações sexuais lhes causam dor.

O tratamento para a endometriose pode ser hormonal, mas tem efeitos colaterais: muitas mulheres podem desenvolver depressão.

  • Os sintomas também podem ser tratados em unidades de saúde para a dor, e alguns médicos até oferecem às pacientes uma medicação similar à administrada aos pacientes de câncer de próstata.
  • Por sua vez, é comum se submeter a várias intervenções cirúrgicas para retirar o tecido danificado, ainda que, na maioria dos casos, ele volte a crescer e a dor surja novamente.

A endometriose aumenta o risco de ataque cardíaco

Falamos sobre isso no início do artigo. Segundo um estudo realizado no Hospital de Boston, nos Estados Unidos, as mulheres afetadas pela endometriose e que tenham passado por uma intervenção cirúrgica na qual foi retirado o útero ou os ovários correm maior risco de sofrer um infarto.

  • Para realizar o estudo, foram analisados os históricos médicos de 116.430 mulheres ao longo de 20 anos. Entre todas elas, 11.903 sofriam de endometriose.
  • Descobriu-se que as mulheres que haviam sido submetidas a uma menopausa forçada devido à uma operação tinham um risco mais alto de sofrer com a obstrução das artérias, infartos do miocárdio ou angina de peito.

Temos que levar em conta que a endometriose também pode afetar mulheres jovens, com menos de 40 anos.

Caminhar

A necessidade de adotar hábitos de vida saudáveis

Os médicos recomendam que toda mulher afetada pela endometriose cuide de sua saúde física e emocional para evitar problemas cardiovasculares.

  • É preciso levar em conta que a dor, a sensação de incompreensão e a solidão podem gerar sentimentos de frustração e isolamento que resultem numa depressão. Um organismo deprimido tem maior risco de sofrer de doenças cardíacas.
  • Sofrer com uma menopausa precoce nos coloca na mesma condição de uma mulher que passa por esse período de forma natural.

Não importa se temos 30 ou 55 anos, é necessário cuidar ao máximo de nossa alimentação e levar uma vida ativa que possa prevenir qualquer problema fora do normal.

Os exames periódicos, o apoio de nossos médicos e até o suporte das associações de pacientes de endometriose podem nos ajudar muito a enfrentar essa complexa doença.


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