Pausa no método contraceptivo: sim ou não?

Os contraceptivos são diferentes métodos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e prevenir a gravidez. É prejudicial usá-los de forma prolongada?
Pausa no método contraceptivo: sim ou não?
Nelton Abdon Ramos Rojas

Escrito e verificado por médico Nelton Abdon Ramos Rojas.

Última atualização: 11 agosto, 2022

Será que é preciso fazer uma pausa no método contraceptivo de tempos em tempos? Eles são fundamentais para a saúde mundial, previnem doenças de transmissão sexual e controlam a população. São usados por mulheres e homens sexualmente ativos. A escolha mais acertada de um método ou outro está condicionada pela situação e pela personalidade do casal ou da pessoa que decide se proteger.

Os humanos se reproduzem de forma natural através do ato sexual uma vez alcançada a idade biológica para ter filhos. Esta reprodução é controlada por meio da contracepção. Os anticoncepcionais são diferentes métodos para evitar e prevenir a gravidez, e podem ser hormonais, artificiais ou naturais, orais ou injetados. Também existem contraceptivos de emergência.

  • Os hormonais são ingeridos pelas mulheres, conhecidos como as pílulas.
  • Os anticoncepcionais artificiais são as barreiras mecânicas, como o preservativo, os espermicidas e as cirurgias.
  • Os anticoncepcionais naturais são os que consideram o ciclo menstrual e suas variações.

Agora existe também o anticoncepcional para homens, que consiste em uma injeção que reduz o número de espermatozoides a níveis mínimos. Seus efeitos são reversíveis.

Para a escolha de um método, o ideal é que cada pessoa decida de acordo com sua própria situação.

Características mais importantes dos anticoncepcionais

Os métodos anticoncepcionais têm diferentes características e devem ser analisados quando forem escolhidos:

  • Eficácia: representa o risco de que uma mulher fique grávida mesmo que ela e seu parceiro estejam usando um método contraceptivo.
  • Segurança: deve garantir a saúde das mulheres, mesmo aquelas que apresentam condições de saúde que possam restringir seu uso.
  • Aceitabilidade: o que para algumas pessoas pode ser uma vantagem para outras pode ser uma desvantagem. Cada pessoa deve escolher o melhor para suas necessidades.
  • Facilidade de uso: quando o método é fácil, é mais provável que seja usado da forma correta.
  • Disponibilidade: alguns métodos contraceptivos estão disponíveis gratuitamente nos sistemas de saúde.
  • Reversibilidade: também é importante saber se o método é reversível para entender ou saber se é possível recuperar a fertilidade depois de suspender o uso.
  • Custo: o custo dos contraceptivos é significativo para as pessoas que costumam ter recursos econômicos limitados.

Classificação dos métodos contraceptivos

Métodos temporários

Métodos contraceptivos

São reversíveis, ou seja, se a utilização do método é interrompida, a mulher pode ficar grávida. Podem ser naturais ou não. Ou seja, requerem a utilização de procedimentos mecânicos ou químicos, como os métodos de barreira e os hormonais.

Métodos definitivos

Os métodos anticoncepcionais definitivos são irreversíveis. Uma vez realizado o procedimento, seja no homem ou na mulher, o casal não poderá conceber um filho.

Os métodos definitivos são cirúrgicos e podem ser realizados tanto no homem (vasectomia) quanto na mulher (ligamento das trompas).

Tipos de anticoncepcionais

1. Contraceptivos de barreira

Preservativo
  • Preservativo: não apresenta nenhum tipo de contraindicação. É um dos melhores métodos para prevenir as doenças sexuais.
  • Espermicida: atua como barreira química, que impede os espermatozoides de chegar ao útero.
  • Preservativo feminino: protege contra a gravidez não desejada e as doenças sexualmente transmissíveis.
  • Diafragma: é uma cúpula elástica de silicone, colocada na frente do colo do útero. Não cobre a mucosa da vagina, por isso não é recomendada para evitar as DSTs.
  • Esponja vaginal: é um dispositivo de espuma de poliuretano com espermicida. É retirada depois de 6 horas da última relação sexual. Não previne as DSTs.

2. Anticoncepcionais hormonais

  • Pílula: deve ser utilizada sob prescrição médica. Pode ajudar em diversos problemas, mas também tem efeitos colaterais.
  • Minipílula de progesterona: foi criada devido aos efeitos colaterais que a pílula causava devido ao estrogênio. Deve ser tomada todos os dias na mesma hora.
  • Pílula do dia seguinte: por sua alta dose de hormônios, só deve ser tomada em casos pontuais e no máximo 72 horas depois de ter tido a relação sexual.
  • Adesivo contraceptivo: é um adesivo colocado na pele e substituído a cada 7 dias.
  • Anel vaginal: é um anel que libera estrogênio e progesterona. Sua duração é de 3 semanas.
  • Contraceptivo injetável: possui benefícios e efeitos colaterais similares à pílula.
  • Implante contraceptivo: é um método altamente eficaz. Trata-se de uma implantação subcutânea que consiste em uma pequena estrutura de plástico que libera hormônios. Tem uma duração de 3 anos.

3. Contraceptivos permanentes

Anticoncepcionais permanentes
  • Vasectomia: é uma cirurgia simples que corta o canal deferente que leva os espermatozoides.
  • Ligadura das trompas: é realizada por meio de uma intervenção cirúrgica ou por via endoscópica.

4. Métodos alternativos naturais

  • Método do calendário menstrual: consiste em estimar os dias de ovulação da mulher e evitar ter relações sexuais. Eles ocorrem aproximadamente no dia 15 do ciclo menstrual.
  • Coito interrompido: consiste em retirar o pênis antes de ejacular. No entanto, se o homem não retirar a tempo, o líquido pré-seminal contém pequenas quantidades de esperma e a mulher pode ficar grávida.
  • Muco cervical: surge quando, alguns dias antes de começar a ovulação, o muco cervical se torna mais elástico e caracteriza o período fértil da mulher.
  • Amamentação: as mulheres lactantes não ovulam. No entanto, muitos fatores influenciam na eficácia desta constatação, e a mesma deve ser avaliada com cuidado.

O uso prolongado de contraceptivos é prejudicial?

Até agora não existe algo que indique se o uso prolongado das pílulas é prejudicial. Pelo contrário, elas diminuem a possibilidade de ter uma gravidez ectópica ou extrauterina. Os anticoncepcionais orais não se acumulam no corpo da mulher, e não é preciso fazer uma pausa no método contraceptivo.

Uma mulher saudável pode tomar pílulas anticoncepcionais (sempre que o uso for recomendado pelo seu médico) desde a sua primeira menstruação (menarca) até a última (menopausa) sem a necessidade de interromper o uso. Com uma consulta ginecológica anual, a mulher pode garantir que tudo está bem em seu corpo.

Portanto, a necessidade de fazer uma pausa no método contraceptivo é um mito de origem incerta.

Riscos de fazer uma pausa no método contraceptivo

Pílula anticoncepcional
  • A mulher perde a proteção contraceptiva e acaba sendo obrigada a usar um método de menor eficácia.
  • Este novo método pode não ser familiar e ela pode utilizá-lo de forma incorreta ou inconsistente.
  • Em algumas ocasiões, a mulher não sabe ou não pode negociar com seu parceiro o uso de um preservativo.
  • Reiniciar a tomada das pílulas pode voltar a causar reações colaterais que haviam desaparecido com o uso.

Há mulheres que suspendem o uso das pílulas e passam por períodos de amenorreia (falta de menstruação). Isso tende a ser confundido com uma gravidez e também pode dificultar a realização do cálculo da ovulação.

Em resumo, não é preciso fazer uma pausa no método contraceptivo. É seguro usá-los por períodos prolongados enquanto a mulher desejar evitar a gravidez. Ele não tem limite de tempo de prescrição, sempre que todos os exames ginecológicos recomendados forem feitos anualmente, e não se apresente nenhuma patologia durante o tratamento que recomende o fim da sua administração.

Às vezes há casos isolados de dificuldades e o médico pode recomendar fazer descansos que interrompam o tratamento ou mudar a marca dos mesmos. A pausa só serviria para aumentar a chance de ter uma gravidez não planejada. O consumo da pílula e os efeitos colaterais que ela causa são variados e dependem de cada mulher.

No entanto, se você nunca sentiu nada fora do normal e depois de 2 ou 3 anos você começar a se sentir apática, cansada, enjoada, de mau humor, sem vontade de ter relações sexuais, você deve fazer uma pausa. O mínimo é deixar que seu corpo tenha, outra vez, uma ou duas menstruações por si mesmo.

Possíveis efeitos do uso prolongado da pílula

  • Redução da libido.
  • Estado anímico ansioso ou depressivo.
  • Enxaquecas fortes.
  • Aumento de infecções vaginais como a candidíase.
  • Pernas pesadas e surgimento de varizes.
  • Hipertensão.

Também foi demonstrado que a pílula aumenta o risco de sofrer de câncer de mama e de colo do útero, embora, por outro lado, reduza o risco de câncer de ovário.


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