Por que a voz de uma mãe "desperta" o cérebro de seu filho?

Um estudo demonstrou que a voz da mãe desperta o cérebro de seu filho para abrir novas vias de pesquisa na psicologia infantil.
Por que a voz de uma mãe "desperta" o cérebro de seu filho?
Diego Pereira

Revisado e aprovado por o médico Diego Pereira.

Escrito por Ángela Aragón

Última atualização: 20 dezembro, 2022

“Mãe não há mais do que uma”, é uma frase que desde sempre esteve sujeita a discussões. Porém, a ciência está cada vez mais próxima de demonstrar que é assim para a mente das crianças. De acordo com estudos da Universidade da Colúmbia Britânica,  escutar a voz da mãe ativa o cérebro do filho.

Ao ouvir a voz da mãe, inicia-se automaticamente uma sucessão de conexões neuronais que não ocorre com outros sons. Isso não acontece nem mesmo se uma mulher com um timbre de parecido ao da mãe pronuncia a mesma palavra.

As regiões cerebrais que começam a se ativar são as emocionais, as sociais, bem como as de reconhecimento de rosto. Além disso, ativam-se as regiões que diferenciam o que é importante do que não é. Portanto, é surpreendente que um som tenha a capacidade de originar tamanha onda de reações.

Os escâneres demonstram que a voz da mãe desperta o cérebro do filho

Máe e filho

Neste estudo escolheram 24 crianças entre 7 e 12 anos que viviam com a mãe durante toda a vida. Dessa forma, foi comprovado que o consciente intelectual dos mesmos esteve dentro dos limites normais.

O procedimento foi simples. Todas as crianças foram escanadas enquanto escutavam sua mãe e uma outra mulher articulando uma série de palavras sem sentido. O resultado não pôde ser mais clarividente.

Assim que as mães começavam a falar, em 97% dos casos, o cérebro do filho repetia o mesmo circuito biológico.

Porém, o descobrimento não fica aí, mas sim que o diretor afirma que tal resposta se traduz em uma melhora das habilidades sociais das crianças.

Isso explica por que durante a infância a presença da mãe é tão necessária, tendo em conta os benefícios cerebrais e emocionais que são gerados.

Uma descoberta para o futuro

 

Máe preparando seu filho para escola

Os benefícios dessa descoberta não se limitam a certificar a forte relação que existe entre mães e filhos, mas sim que abre todo um campo de pesquisas em torno do uso da voz materna na terapia de crianças com transtornos como o autismo.

Como sabemos, este problema se caracteriza pela dificuldade para se relacionar com outras pessoas como com si mesmo, assim como com a obsessão por organizar as coisas de uma forma determinada e a necessidade de ter seus dias programados.

Isso porque as pessoas com este problema recebem mais estímulos do que um cérebro pode gerir. Assim, se a voz da mãe desperta o cérebro do filho, poderia-se recorrer a gravações para centrar e relaxar aos afetados.

Assim, parece que o fenômeno descoberto poderia ser um excelente ponto de partida para experimentar tratamentos orientado a melhorar a intensidade do problema, já que apresenta a vantagem de atuar sobre sua origem e não sobre seus sintomas.

A importância de abordar o problema desde sua origem

Cèrebro de papel

Durante muitos anos a medicina tem necessitado se concentrar em diagnosticar e desenvolver tratamentos a partir dos sintomas.

Nas últimas décadas, os pesquisadores e a tecnologia facilitaram as buscas de soluções, permitindo que elas partam de onde a dificuldade se inicia.

Sem dúvidas, o avanço é enorme, porque multiplica de forma exponencial as possibilidades e sucesso. Por isso é tão importante a descoberta de que a voz da mãe desperta o cérebro do filho.

Como dizíamos, abre-se um leque enorme de esperanças para as terapias daqueles transtornos psicológicos que dificultam o desenvolvimento das crianças desde a primeira infância.

Inclusive, poderia acabar com os tratamentos farmacológicos e, portanto, com seus efeitos secundários, como acontece com as terapias ocupacionais.

Saber que a voz da mãe desperta as conexões cerebrais do filho através de todo um circuito estabelecido de sinapses nos encoraja a usar tais resultados no campo psicológico.

Ao mesmo tempo, nos impulsiona para continuar trabalhando no conhecimento de como funciona nosso organismo e por que ocorrem anomalias.


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