Você faz uso de antidepressivos? Então deve saber disso antes de deixá-los

Ainda que nos sintamos melhor não devemos deixar os antidepressivos de um dia para o outro, já que requerem um processo de adaptação, por isso deveríamos fazê-lo sob supervisão médica.
Você faz uso de antidepressivos? Então deve saber disso antes de deixá-los
Bernardo Peña

Revisado e aprovado por o psicólogo Bernardo Peña.

Escrito por Okairy Zuñiga

Última atualização: 10 dezembro, 2022

Para algumas pessoas que lidam com a depressão ou a ansiedade o uso de  antidepressivos pode ser uma verdadeira salvação.

Para outros acabam não sendo a solução que esperavam ou, simplesmente, decidem não tomá-los mais por questões econômicas ou de outro tipo.

Neste último caso há algumas coisas que é preciso saber antes de deixar de tomá-los.

É importante que tome a decisão de forma muito razoável e que fale com seu médico. Considere que estes medicamentos atuam diretamente sobre o cérebro e geram mudanças e alterações que devem ser controladas.

Estes são alguns fatores que você deve considerar antes de parar com o uso de antidepressivos:

Precisa trabalhar em colaboração como seu médico

Mulher consultando um especialista sobre os antidepressivos

Se você está considerando a ideia de parar com o uso de antidepressivos, é importante que fale com seu psicólogo ou psiquiatra de forma muito honesta sobre suas expectativas, medos, dúvidas e desejos.

É seu direito como paciente decidir o que consome ou não, mas eles explicarão quais efeitos secundários você pode esperar no processo.

Muita gente decide que já está bem emocionalmente e que estes medicamentos não são mais necessários. Está é uma situação muito comum quando se alcança o equilíbrio emocional. Porém, em muitas ocasiões esse estado de felicidade é o resultado do uso dos antidepressivos.

É importante que seu médico saiba como se sente. Desta forma, ele poderá indicar se é uma boa ideia deixar o tratamento ou não.

Talvez você sinta dúvidas sobre se os efeitos que sente são normais ou se precisa de algum ajuste. Este processo pode levar muito tempo e há quem se canse de provar doses novas uma ou outra vez.

Se após escutar seu médico você segue com a mesma ideia, então poderá criar um plano para diminuir gradualmente o consumo de antidepressivos. Desta forma, os efeitos secundários serão controlados e não passará sozinho pelo processo.

Se você decidiu deixar estes medicamentos porque causam efeitos que você não gosta, o psiquiatra pode dar alternativas que se ajustem ao seu organismo muito melhor. Explique quais são seus medos, suas dúvidas e conte como você se sente.

Leva mais tempo do que o esperado

Alguns pacientes chegam desesperados na consulta com seu psicólogo ou psiquiatra porque já estão há vários meses tomando antidepressivos e não conseguem nenhuma mudança. Em outros casos, as mudanças obtidas são negativas.

Claro que você quer que toda a tristeza acumulada desapareça, a perda de interesse por tudo, a extrema insegurança e as demais situações que fizeram com que hoje você esteja tomando antidepressivos.

Ainda que seu médico quisesse que seu antidepressivo fosse uma varinha mágica capaz de fazer tudo desaparecer, a realidade é muito mais complexa. Você deve saber, e considerar, que nem mesmo os médicos podem solucionar o problema em minutos.

Você deve dar tempo ao seu corpo para que ele se adapte às novas doses.

É comum ver pessoas querendo voltar à normalidade com apenas dois dias de tratamento e abandoná-lo.

Porém, você deve entender que seu médico conhece o tempo adequado para melhorar: ele indicará do que você precisa.

É vital que não se desespere e que não mude você mesmo a dose. Ao fazer isso pode estar colocando sua vida em risco e os efeitos podem fugir ao seu controle. Seu médico pedirá muita paciência e é importante que a tenha.

É provável que seu humor mude temporalmente

Ao parar com o uso de antidepressivos sem ter sido autorizado pelo médico, é provável que não tome as considerações oportunas para evitar as consequências.

Por isso, diversos estudos indicaram que quando as pessoas deixam os antidepressivos enfrentam um perigo maior de presenciarem pensamentos suicidas.

Porém, esta relação entre os pensamentos depressivos de risco e o fato de descontinuar o tratamento com antidepressivos ainda não está comprovada de forma definitiva.

Se você abandona os medicamentos, se sentirá estranho

Como indicamos anteriormente, os antidepressivos trabalham diretamente sobre o cérebro. Sua função é regular o trabalho cerebral. Quando você deixa o tratamento, esse controle também se perde e você pode sentir um ou mais sintomas:

  • Sensação de eletricidade
  • Perda da concentração
  • Mudanças de humor a cada poucos minutos
  • Incapacidade para desempenhar tarefas simples
  • Blackouts

Cada pessoa vive a experiência de forma muito diferente. É provável que os primeiros dias nem se quer note diferenças, e que logo não seja capaz de pensar corretamente durante alguns dias.

É muito normal e, ainda que não deva se assustar, é boa ideia que seu médico revise até que ponto estas mudanças lhe afetam.

Tem o direito de decidir se para ou não o uso de antidepressivos

As pessoas com depressão devem lidar com muitas coisas ao mesmo tempo. Por um lado, estão suas emoções, que atuam como um turbilhão e, por outro lado, as sugestões médicas e as opiniões externas.

Todas as mensagens que recebe podem confundir você até o ponto de controlar sua vida e suas decisões.

É importante que seja consciente de que em todo momento a decisão de tomar ou não os antidepressivos é só sua.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Ayestaran Altuna, A., Caro Aragonés, I., Pascual Arce, B., & Aguas Compaired, M. Antidepresivos. Revista Multidisciplinar de Gerontologia. 2005; 1 (03).
  • Heerlein, A. Tratamientos farmacológicos antidepresivos. Revista Chilena de Neuro-Psiquiatria. 2002.
  • DeBattista, C. Fármacos antidepresivos. In Farmacología básica y clínica. McGrawHill. 2010; 1 (1): 521-540.
  • Henssler J, Heinz A, Brandt L, Bschor T. Antidepressant Withdrawal and Rebound Phenomena. Dtsch Arztebl Int. 2019 May 17;116(20):355-361.
  • Valuck RJ, Orton HD, Libby AM. Antidepressant discontinuation and risk of suicide attempt: a retrospective, nested case-control study. J Clin Psychiatry. 2009 Aug;70(8):1069-77.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.